O Pentecostes e o Sinai
- Felipe Morais
- 2 de mar. de 2020
- 4 min de leitura
O PENTECOSTES E O SINAI
AGOSTINHO DE HIPONA – A TRINDADE
LIVRO SEGUNDO – CAPÍTULO 15
26. Pelo que diz respeito ao assunto que agora desenvolvemos, com relação a todos aqueles acontecimentos que se mostraram de modo tão terrível aos sentidos dos mortais, ignoro se era o Pai, o Filho ou Espírito Santo quem falava. Contudo, se é permitido conjeturar sem temerária afirmação, mas com humildade e hesitação, e se se pode supor ter sido uma pessoa da Trindade, daria preferência ao Espírito Santo.
Pois, quando a Lei foi entregue em tábuas de pedra, a Escritura diz que foi escrita pelo dedo de Deus (Ex 31.18);
ora, com essa expressão sabemos que o Evangelho designa o Espírito Santo (Lc 11.20).
Além do mais, cinquenta dias transcorreram do sacrifício do cordeiro e da celebração da Páscoa até o dia em que esses fatos começaram a acontecer no monte Sinai;
assim como cinquenta dias se passaram da paixão do Senhor e de sua ressurreição até o dia em que veio o Espírito Santo prometido pelo Filho de Deus.
E na sua vinda, narrada nos Atos dos Apóstolos, ele apareceu em línguas de fogo que se distribuíram e foram pousar sobre cada um deles (At 2.1-4).
Este acontecimento se assemelha ao do Êxodo, onde está escrito: Todo o monte Sinai fumegava porque Deus tinha descido sobre ele no meio do fogo.
E um pouco depois: O aspecto da majestade do Senhor, como fogo ardente sobre o cimo do monte na presença dos filhos de Israel.
Talvez tudo isso aconteceu porque nem o Pai nem o Filho poderiam ali se apresentar sem o Espírito Santo, por quem convinha ser escrita a Lei.
Sabemos, no entanto, que Deus apareceu não na sua essência, que permanece invisível e imutável, mas por meio da aparência de uma criatura. Com a minha capacidade, porém, não chego a perceber por meio de algum sinal, qual das pessoas da Trindade apareceu.
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AGOSTINHO DE HIPONA
LIVRO: A GRAÇA (I) – CAPÍTULO XVII
Comparação entre a Lei Antiga e a da Nova Aliança
29. Nesta admirável coincidência de datas há, porém, uma grande diferença.
No Sinai, o povo atemorizado é proibido de se aproximar do lugar da entrega da Lei;
no Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre aqueles que se tinham reunidoesperando o cumprimento da promessa de sua vinda.
No Sinai, o dedo de Deus agiu em tábuas de pedra;
no Pentecostes, no coração das pessoas.
No Sinai, a Lei foi dada exteriormente para que os infiéis se atemorizassem;
no Pentecostes foi dada interiormente, infundindo a justificação.
De fato, conforme diz o Apóstolo, os preceitos:
“Não cometerás adultério”, “Não matarás”, “Não cobiçarás”, escritos nas tábuas de pedra, se resumem nesta sentença: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
A caridade não pratica o mal contra o próximo.
Portanto, a caridade é a plenitude da Lei (Rm 13.9-10). Portanto, a lei de Deus é a caridade. O desejo da carne não se submete à lei de Deus, nem o pode (Rm 8.7), mas como nas tábuas da Lei são gravadas as obras da caridade para encher de terror o desejo da carne, a lei é a das obras e letra que mata o transgressor (2Co 3.6).
Quando, porém, a caridade se difunde no coração dos crentes, a lei é a da fé e Espírito que comunica a vida ao que ama.
30. Adverte agora como esta distinção concorda com as palavras apostólicas que um pouco antes mencionei discorrendo sobre outro assunto e que diferi para serem comentadas com mais profundidade.
Evidentemente, sois uma carta de Cristo, entregue ao nosso ministério, escrita não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações (2Cor 3.3).
O Apóstolo demonstrou com esta sentença que a Lei antiga foi escritafora do homem, para atemorizá-lo exteriormente,
e a nova foi gravada no próprio homem para justificá-lo interiormente.
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*Comentário nosso:
Agostinho demonstra enorme capacidade interpretativa em relação ao texto bíblico e seu contexto imediato como também domínio geral das Escrituras. Exemplo disso é a ligação perfeita entre as expressões “Espírito Santo” e “Dedo de Deus” com se tratando do mesmo agente divino.
Essa ligação fica clara na observação dos textos paralelos nos Evangelhos de Mateus e Lucas:
Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus. – Mateus 12:28
Mas, se eu expulso os demônios pelo Dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus. – Lucas 11:20
O Espírito de Santo é o Dedo de DeusAssim como Jesus Cristo é o Braço do Senhor (Isaías 53.1)
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