Você sabia que existia uma segunda páscoa? Isso mesmo!
A Páscoa Original
A Bíblia nos mostra que os hebreus estavam sendo escravizados no Egito (Êx 1) e, por isso clamaram a Deus por um livramento. O Senhor então, levantou Moisés como um libertador para Israel.
Acima de tudo, é importante saber que a Páscoa original ocorreu dentro desse contexto de libertação em Êxodo 12. Você pode ver a explicação detalhada por aqui: (parte 1 | parte 2). Esse evento ocorreu no dia 14 do primeiro mês, chamado mês de Abibe (ver Êx 13:4; Lv 23:5; Dt 16:1). Foi quando os primogênitos de todo o Egito foram mortos, mas os primogênitos de Israel foram salvos, pois havia o sangue do cordeiro nos umbrais das portas – que é uma figura do sangue de Cristo, o Cordeiro de Deus (João 1:29,36) aplicado em nossos corações!
A primeira celebração da Páscoa no Deserto do Sinai
No segundo ano após a saída dos israelitas do Egito, o Senhor diz a Moisés para que eles celebrem essa festa no Deserto do Sinai, no “tempo determinado”, no dia 14 do primeiro mês (Nm 9.1,2).
No tempo determinado: Mesmo se cair no Shabat. ״No tempo determinado ״. (RASHI, 2018, p. 91)
Sendo assim, os filhos de Israel celebraram a Páscoa pela primeira vez após a saída. Rashi faz um comentário sobre essa ser a única celebração da Páscoa durante toda a trajetória desde a saída do Egito até a conquista da terra de Canaã: “é uma vergonha para Israel que ao longo dos 40 anos em que os filhos de Israel estiveram no deserto, eles trouxeram tão-somente este sacrifício de Pessach” (RASHI, 2018, p. 91).
Em outras palavras, esse comentário faz todo sentido, uma vez que não encontramos em todo o percurso das jornadas de Israel no deserto alguma outra referência à celebração da páscoa.
A Segunda Páscoa
Logo em seguida, alguns homens procuraram a Moisés e a Arão para saber como ficaria a situação deles, uma vez que estavam impuros por terem tocado um cadáver (Nm 9:6,7). Contudo, desejavam participar da festa, Moisés procurou saber do Senhor o que fazer nesses casos?
Além da Páscoa comemorada dia 14 do primeiro mês, havia a possibilidade de se realizá-la em outra data. Caso houvesse entre eles alguém impuro por tocar num cadáver (mesmo o fato de estar na tenda onde alguém morreu) ou até mesmo estivesse muito distante do local onde seria celebrada a festa. Seja como for, eles deveriam realizar a festa. Mas, nesse caso, a festa ocorreria um mês após a data oficial, sendo realizada no segundo mês:
(Números 9:9-12) – Então o Senhor disse a Moisés: — Fale aos filhos de Israel, dizendo: Quando algum de vocês ou dos seus descendentes se tornar impuro por causa de contato com um morto ou estiver em viagem longe de vocês, ainda assim celebrará a Páscoa ao Senhor. Devem celebrá-la no dia catorze do segundo mês, no crepúsculo da tarde; devem comê-la com pães sem fermento e ervas amargas. Não deixarão sobrar nada até a manhã seguinte e não quebrarão nenhum osso do cordeiro; farão tudo segundo todo o estatuto da Páscoa.
Como resultado dessa jurisprudência divina, muito tempo depois o rei Ezequias decidiu, juntamente com os demais líderes de Israel, comemorar a Páscoa no segundo mês, em Jerusalém (2 Crônicas 30:1-4) pois não puderam celebrar no tempo determinado, porque não se tinham santificado sacerdotes em número suficiente, e o povo ainda não se havia reunido em Jerusalém!
A situação dos estrangeiros
Caso houvesse estrangeiros entre eles que desejassem participar da festa, seria autorizado desde que fossem circuncidados e obedecessem todas as exigências do Senhor:
— Se um estrangeiro habitar entre vocês e também quiser celebrar a Páscoa ao Senhor , deverá celebrá-la segundo o estatuto da Páscoa e segundo o seu rito; vocês terão um só estatuto, tanto para o estrangeiro como para o natural da terra. (Números 9:14)
Observe que era proibido aos estrangeiros que não abraçassem a Lei do Senhor, participar da Páscoa. Contudo, na condição de adeptos da Lei de Deus, eles deveriam ser tratados como eram os filhos de Israel:
O SENHOR disse a Moisés e a Arão: — Esta é a ordenança da Páscoa: nenhum estrangeiro comerá dela. [na condição de incircunciso] Porém, se algum estrangeiro se hospedar com você e quiser celebrar a Páscoa do SENHOR, que primeiro sejam circuncidadas todas as pessoas do sexo masculino; depois poderá observar a Páscoa, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela. A mesma lei será aplicada ao natural da terra e ao estrangeiro que estiver entre vocês. (Êxodo 12:43, 48-49, grifo nosso)
Não quebre os ossos do cordeiro!
Pode parecer algo sem sentido, mas essa ordem era uma das mais importantes!
Durante o evento da Páscoa original o Senhor disse: “O cordeiro deverá ser comido numa só casa. Não levem nada da carne para fora da casa nem lhe quebrem osso nenhum” (Êxodo 12:46)
Essa ordem se mantém nas celebrações seguintes: “Dela nada deixarão até à manhã e dela não quebrarão osso algum; segundo todo o estatuto da Páscoa, a celebrarão.” (Números 9:12)
Agora observe a profecia do salmista acerca do Messias: “Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado!” (Salmos 34:20)
Por fim, veja como isso apontava para Cristo, o Cordeiro de Deus: “Quando, porém, chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. […] E isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado.” (João 19:33,36)
Glória a Deus!
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Veja abaixo
“O Tabernáculo feito para ser uma tenda para as Tábuas do Testemunho.” (RASHI, 2018, p. 95)
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Bibliografia
RASHI. Torá-Rashi: Sefer Bamidbar-Números: com comentários de Rashi. Tradução de Yaacov Nurkin; Haftarot traduzidas e Targum Onkelos. São Paulo: Maayanot, 2018. (Coleção Torá Rashi; v.4).