Setenta Semanas e os Judeus da Antiguidade
O Texto que será apresentado é de grande valia para nós, pois ele nos demonstra o pensamento de alguns que mesmo antes da vinda do messias, já tinham um conhecimento muito amplo sobre o tema das Setenta Semanas e que muitos nos dias de Hoje anulam. Conferindo o texto podemos perceber que há algumas similaridades com o texto de Hebreus, tanto no raciocínio quanto na mensagem e estilo, confira:
Tradução do manuscrito encontrado na caverna 11 de Qunran em janeiro de 1956 e que foi intitulado:
SERMÃO SOBRE MELQUISEDEQUE – O ULTIMO JUBILEU
“Falarei sobre o Ano Jubileu, que encontra-se em Levítico (25:13). Nós lemos: Neste ano jubileu, tornará cada um à sua possessão”. Esta é uma parte do mandamento que cumprir-se-á nos últimos dias, no Período da Remissão, quando aqueles que estão em cativeiro serão libertos, conforme as palavras de Isaias: “O Senhor enviou-me para proclamar libertação aos cativos.” (Isaias 61:1)
Perceba que o autor deste comentário compreende o texto descrito em Levítico quando se trata do “Ano do Jubileu” como um tipo de referência escatológica e soma com o texto descrito em Isaías 61 como o cumprimento de coisas relacionadas aos últimos dias, além disso afirma, conforme veremos no resto do texto, que tal Libertador é o próprio Messias:
O Libertador é o Messias, que foi prefigurado por Melquisedeque, rei de Salém. Ele era e sacerdote do Deus Altíssimo, e pronunciou uma benção sobre o nosso pai Abraão. Como Sumo Sacerdote, o Messias que é nosso eterno Melquisedeque, receberá por herança o domínio sobre todas as coisas, e Abraão tomará parte nesta herança. Não somente Abraão, como também sua descendência terá esse privilégio, quando ela se unir a Deus numa eterna aliança.
Claramente percebemos algumas semelhanças com o escritor de Hebreus que atribui ao Messias a ordem de Melquisedeque, portanto no período chamado “interbíblico”, que possivelmente este comentário foi escrito, e também dentre o judaísmo rabínico do primeiro século da era cristã, já havia entre aqueles o pensamento de que o Messias fora descrito no Salmo 110 que fala da “Ordem de Melquisedeque”. o texto continua:
Naquele tempo, o próprio Senhor será a herança e patrimônio de Seu povo. No último jubileu, Deus restaurará o Seu povo, e eles retornarão, cada um, ao seu patrimônio. A libertação referida na Lei do Jubileu deve ser entendida com o sentido de remissão de suas culpas , e não haverá mais punição para aqueles que forem justificados.
Isto ocorrerá na última semana de uma série de setenta semanas de anos, envolvendo nove precedentes jubileus. (Levítico 25: 10;) Ao chegar o Dia do Juízo do Último Jubileu, todos aqueles que se colocam do lado da justiça, terão suas culpas anuladas, ao passo que os injustos e maus colherão as conseqüências de tudo o que semearam, e encontrarão o seu fim.
Na parte acima percebe-se que este interprete das escrituras compreendia o texto referente as “Setenta semanas” como algo que deveria ocorrer com a vinda do Messias e o cumprimento do “último Jubileu”, todavia podemos concluir que a expressão “eles retornarão” é uma colocação que tem uma conotação de ressurreição, pois muitas vezes esta expressão na escritura significa ressurreição e conforme diz a própria Lei: “Cada um tornará para sua herança”
Começará então o Ano do Favorável, do qual fala o profeta Isaias (61:2), que será marcado pelo Favor de Deus, pois o Rei da Justiça, Aquele que foi prefigurado por Melquisedeque, receberá o Seu domínio. Ele assentar-se-á entre as hostes santas no Céu, e executará várias sentenças de julgamentos, como foi predito por Davi: “Deus assentou-se em concílio entre os seres celestes, para realizar julgamento”. (Salmo 82:1)
Por meio desse julgamento, Israel será absolvido de suas culpas, e retornará ao seu lugar de eminência em meio aos povos. Esse retorno ocorrerá em cumprimento da Lei do Jubileu. Ao mesmo tempo em que a palavra “Favor” indica o triunfo dos filhos de Deus, ela aponta também para a destruição dos ímpios. Salmos (7: 9 e 10)faz referência a esse julgamento, dizendo: “Deus é o juiz dos povos. Põe fim à maldade dos ímpios e confirma o justo”. Serão desarraigados todos os filhos de Belial, aqueles que desafiam os estatutos de Deus, e pervertem a justiça.
O futuro Rei da Justiça, que é Melquisedeque (o Messias) executará sobre eles a justiça de Deus, estabelecendo ao mesmo tempo os justos. Acompanhado pelos exércitos celestes, ele dará fim aos intentos dos ímpios, fazendo com que os filhos de Deus fiquem em eminência.
O julgamento em questão é o mesmo Dia da Retribuição do qual fala o profeta Isaias: “Como são belos sobre os montes os pés daquele que proclama a paz (Shalom), o mensageiro que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação; que diz a Sião: O teu Deus agora é aclamado Rei.” (Isaias 52: 7) A palavra paz (shalom) pode também ser lida como (shillum) que significa “retribuição”.
O mensageiro prometido se manifestará no Último Jubileu, e proclamará a sua mensagem de paz, dizendo: “O Senhor enviou-me para confortar todos os que choram.” (Isaias 61:3) O conforto que ele trará, consistirá numa revelação das sucessivas eras da história do mundo, desde o princípio da criação até o fim.
Naquele tempo, os filhos de Belial se aliarão com o propósito de perverter toda a justiça, mas serão confundidos pelos julgamentos de Deus. O reino de Deus em Sião, será estabelecido mediante a aliança que Melquisedeque (o Rei da Justiça) fará com todos os justos , destruindo ao mesmo tempo os filhos de Belial.
O mandamento do jubileu fala também de um forte som de trombeta que repercutirá por toda a terra, no dia dez do sétimo mês.(Levítico 25:9) Aplicando-se aos últimos dias, isto se refere à uma poderosa manifestação divina que sacudirá o mundo, preparando-o para a Era Messiânica.”
Podemos perceber que a interpretação destes Judeus está de acordo com alguns pais da Igreja que compreendiam que as “Setenta Semanas” deveriam ter seu cumprimento no fim dos dias, isto é na volta do Messias, contudo muitos nos dias de hoje perderam a riqueza desta profecia.
Deus Abençoe.