✦por: Felipe Morais – publicado originalmente no Portal GUIAME
A Igreja é perseguida desde o início (At 11.19; 13.50) e será até o fim (Mt 24.9-14). Mas isso faz parte do chamamento do Evangelho para que sejamos “testemunhas”, do grego μάρτυρες “mártyres” que, de acordo com o dicionário Strong, são “aqueles que por seu exemplo provaram a força e genuinidade de sua fé em Cristo por sofrer morte violenta”.
Sim, ao chamar-nos por testemunhas (At 1.8), Jesus nos convidou ao martírio! Quando Ele diz para cada um tomar a sua cruz e morrer pela causa do Evangelho (Mt 10.38,39), estava nos falando de uma oportunidade graciosa: “Porque vocês receberam a graça de sofrer por Cristo, e não somente de crer nele” (Fp 1.29).
Sendo assim, uma das expressões mais utilizadas pelo Senhor Jesus Cristo é essa: “bem-aventurado”, que significa “feliz”. O conceito de felicidade no Evangelho transcende o mundano e temporal; trata-se de uma felicidade eterna no Reino de Deus!
Agora, observe o que Jesus disse: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mt 5.10).
E foi exatamente por isso que o apóstolo Pedro disse: “Mas, mesmo que venham a sofrer por causa da justiça, vocês são bem-aventurados. Não tenham medo das ameaças, nem fiquem angustiados” (1Pe 3.14).
Todos os que sofrem por causa do Evangelho são considerados felizes no Reino de Deus, porque sua recompensa já está preparada! (1Pe 4.14,16)
O medo é a maior arma do inimigo!
Exatamente por isso, o apóstolo prepara o jovem obreiro Timóteo, dizendo que “Deus não nos deu espírito de covardia” e o convida a “participar com ele dos sofrimentos a favor do evangelho” (2Tm 1.7,8).
Muitos, infelizmente, negam a Cristo até mesmo para não perderem algum prestígio social (Jo 9:22; 12.42). Mas, devemos saber que “todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2Tm 3.12). E não foi isso que Jesus disse? “Se perseguiram a mim, também perseguirão vocês” (Jo 15.20).
Você consegue se enxergar e se alegrar nessa situação?
Certamente é muito difícil suportar essas afrontas, sendo nós – os cristãos – não somente inocentes, mas buscando ainda o bem daqueles que nos odeiam! Porém, a Igreja apenas triunfa sobre a perseguição quando consegue vencer o mal com o bem (Rm 12.21).
Naturalmente não podemos entender a razão de tanta passividade. Essa é a “loucura da pregação” (1Co 1.21; 2.14). Na verdade, é impossível compreender essa missão estando com a mente voltada para esse mundo!
Buscando nos levar a um alto nível de maturidade, Jesus Cristo nos ensina a não olharmos para as adversidades, a amar os nossos inimigos e até mesmo orar – com amor – por aqueles que nos perseguem! (Mt 5.44).
Da mesma forma, Paulo fará ecoar as orientações do Mestre, para que os crentes não amaldiçoem, mas apenas abençoem àqueles que perseguem a Igreja do Senhor! (Rm 12.14). E ele mesmo se dá como exemplo. Enquanto alguns fugiam das responsabilidades do evangelho para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo (Gl 6.12), Paulo afirma: “Quando somos insultados, bendizemos; quando somos perseguidos, suportamos; quando somos caluniados, procuramos conciliação” (1Co 4.12,13).
Só é possível seguir esses exemplos se estivermos com os olhos na eternidade! Felizes são os que, por causa do nome de Jesus e sua mensagem, forem insultados, perseguidos e caluniados (Mt 5.11).
Por que devemos orar por quem nos persegue?
Imagine a cena: Um rapaz muito querido na sua igreja, cheio do Espírito Santo, com um ministério promissor é acusado injustamente e logo em seguida é violentamente assassinado por um grupo de religiosos que odeiam ouvir o nome de Jesus Cristo. Entre eles você descobre que “Saulo consentia na morte de Estêvão” (At 8.1).
O que você faz ou deveria fazer? Jesus disse – e depois também Paulo – que você deve orar por esse homem!
Devemos orar para que os perseguidores se tornem aliados no Reino!
O apóstolo Paulo declara: “Persegui a igreja de Deus.” (1Co 15.9); “Persegui este Caminho até a morte, prendendo homens e mulheres e lançando-os na cadeia.” (At 22.4); “muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, eu os perseguia até em cidades estrangeiras.” (At 26.11); “de forma violenta, eu perseguia a igreja de Deus e procurava destruí-la.” (Gl 1.13).
Eis aqui o motivo de orarmos com fervor para os que nos perseguiam: Eles podem se converter e se tornarem grandes e frutíferos obreiros!
E, se o dever de um obreiro é trabalhar para o Senhor, o apóstolo Paulo testifica que, em gratidão por tão grande salvação, trabalhou muito mais que todos os demais apóstolos (1Co 15.10)! E assim, “aquele que antes nos perseguia, agora prega a fé que no passado procurava destruir.” (Gl 1.23)
Espero que você tenha compreendido a graça de sofrer por Cristo e orar pelos que nos perseguem, pois, ciente dessas coisas, Jesus nos deixou o exemplo de paciência, esperança e amor!
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