As 2 Trombetas de Prata e a Saída do Sinai estão no capítulo 10 do livro dos Números.
No dia 20/02/02 (calendário bíblico) – ao som das trombetas, Israel parte do deserto Sinai até ao deserto de Parã. Vale ressaltar que, a contagem do calendário bíblico inicia-se a partir da saída do Egito (Êxodo 12:1,2).
No segundo ano, no segundo mês, aos vinte dias do mês, a nuvem se ergueu de sobre o tabernáculo da congregação. Os filhos de Israel puseram-se em marcha, partindo do deserto do Sinai, jornada após jornada; e a nuvem repousou no deserto de Parã. Assim, pela primeira vez, se puseram em marcha, segundo o mandado do SENHOR, por Moisés. Números 10:11-13
Podemos ver a instrução do Senhor para que Moisés providenciasse duas trombetas de prata – metal que simboliza a Redenção (Nm 10:2), que seriam tocadas pelos filhos de Arão – os Sacerdotes – (Nm 10:8) em casos de convocação da Congregação, ou para a Partida dos arraiais (acampamentos) e em casos de avisos de guerra.
O que fazer quando as Trombetas tocarem?
As 2 Trombetas juntamente (sem retinir = um toque longo) TODA A CONGREGAÇÃO virá à porta do Tabernáculo (Tenda)* – Nm 10:3,7 – e, principalmente durante AS FESTAS do Senhor – Nm 10:10 (cf. Salmos 81:3; 98:6).
Quando Apenas 1 trombeta (sem retinir, i.e. houver apenas um toque longo) Se congregarão OS PRÍNCIPES, os CABEÇAS – Nm 10:4.
Para ordenar a partida dos arraiais (os acampamentos em torno do Tabernáculo) tocava-se apenas 1 trombeta, mas dessa vez Retinindo (Retumbando, Ribombando, Ressoando), na primeira vez que for tocada, partirá o acampamento do Oriente (liderado por Judá) – Nm 10:5; na segunda vez, partirá o acampamento do Sul (liderado por Rubén) – Nm 10:6; na terceira vez, partirá o acampamento do Ocidente (liderado por Efraim) – **vide Septuaginta (LXX) e Josefo – (cf. Nm 10.22-24) e na quarta vez, partirá o acampamento do Norte (liderado por Dã) – **vide Septuaginta (LXX) e Josefo – (cf. Nm 10.25-27).
Quando tocarem as 2 Trombetas Retinindo seria ordem para Israel sair para guerra ou aviso relacionado à guerra – Nm 10:9 (cf. Nm 31:6; 2Cr 13:12,14).
Para facilitar a visualização fizemos o gráfico abaixo:
As Trombetas de Prata – (chatsotserah hb.)
No tempo de Moisés
* Nesse tempo apenas 2 filhos de Arão – Eliabe e Itamar – eram os sacerdotes (1Cr 24:2), por isso é citado aqui somente 2 “trombetas”(chatsotserah hb.) – (Nm 10:2, Nm 3:1-4).
A saber, Josefo (1990, p. 188) diz que foi Moisés quem fez essas trombetas, e que eram parecidas com uma flauta do tamanho de “quase um côvado”. Essas trombetas eram sem aberturas – provavelmente para não haver mudança de notas – “a não ser aquela que era necessária para a boca” sendo sua outra extremidade “semelhante à de uma trombeta comum”.
Assim Josefo continua dizendo: “Os hebreus chamam-na asofra. Moisés mandou fazer duas delas, uma das quais servia para reunir o povo [para as partidas], e a outra, para reunir todos os chefes quando era necessário tomar alguma deliberação sobre a República. Quando se tocavam as duas ao mesmo tempo, todos, geralmente, se reuniam.” (JOSEFO, 1990, p. 188, grifo nosso)
Primordialmente, “as trombetas estavam sob a responsabilidade dos sacerdotes, os quais tinham autoridade para liderar […] Assim como as trombetas estavam sob responsabilidade dos sacerdotes, da mesma forma a pregação está sob a responsabilidade dos servos de Deus e dos anciãos em particular (At 20.17-35; Tt 1.5; Hb 13.17; 1Pe 5.1-4).” (CARSON, FRANCE, et al., 2009, p. 278)
No tempo de Davi
Enquanto Davi e todo o Israel alegravam-se perante Deus, essas trombetas (chatsotserah hb.) foram tocadas, na ocasião em que estavam transportando a Arca da Aliança para Jerusalém (1 Crônicas 13:8). E então, o número de sacerdotes que tocavam essas trombetas diante da Arca do Senhor não eram apenas dois como no tempo de Moisés, eram sete trombetas (1Cr 15:24,28).
Posteriormente, a trombeta passou a ser tocada na orquestra do templo para adorar a Deus (1Cr 16:6). (ADEYEMO, 2010, p. 183).
De tal forma que é dito que dois sacerdotes exerciam continuamente esse ministério: “Os sacerdotes Benaia e Jaaziel estavam continuamente com trombetas (chatsotserah hb.), perante a arca da Aliança de Deus.” (1Cr 16:6)
No Templo de Salomão
A saber, no período de Salomão, quando levou a Arca da Aliança para dentro do Templo recém construído, havia 120 sacerdotes com “trombetas de prata”(chatsotserah hb.) (2Cr 5:12).
É provável que as trombetas do Templo fossem semelhantes às do Tabernáculo, e estão representadas num baixo-relevo no “arco de Tito”, em Roma.
Após o exílio da Babilônia
O relato de Esdras
Logo após o retorno do exílio na Babilônia, o livro de Esdras narra que essas trombetas também foram tocadas ao lançar os alicerces do segundo Templo: “Quando os construtores lançaram os alicerces do templo do SENHOR, apresentaram-se os sacerdotes, paramentados e com trombetas (chatsotserah hb.), e os levitas, filhos de Asafe, com címbalos, para louvarem o SENHOR, segundo as instruções deixadas por Davi, rei de Israel.” (Ed 3:10).
O relato de Neemias
Finalmente, no livro de Neemias, podemos ver na dedicação das muralhas de Jerusalém os sacerdotes tocavam as trombetas (chatsotserah hb.), enquanto os levitas tocavam os instrumentos musicais de Davi, homem de Deus. Esdras, o escriba, ia na frente deles (Ne 12:30-36; 41-42).
A ordem da marcha dos acampamentos
** Dake (2009, p. 263) certamente faz ainda uma importante observação, lembrando que, na Septuaginta LXX (tradução grega do Antigo Testamento a partir do original hebraico) consta: “E quando tocar o 3º retinido, os acampamentos do ocidente deverão começar a marchar; e quando tocar o 4º retinido, os acampamentos do norte deverão começar a marchar.” – Aqui temos as magníficas ordem e disciplina para os acampamentos israelitas. Deslocavam-se em sentido horário.
Assim sendo, o historiador Flávio Josefo (1990, p. 189) faz a mesma referência à ordem da partida dos demais: “Ao terceiro som de trombeta, as três tribos que estavam do lado do ocidente também marchavam. E, ao quarto som de trombeta, as três que estavam do lado do setentrião seguiam-nas.”.
“Nesta ordem, puseram-se em marcha os filhos de Israel, segundo os seus exércitos.” (Nm 10:28)
As trombetas e as Festas do Senhor
Vale lembrar ainda que “a Festas das Trombetas dava início aos eventos religiosos especiais do sétimo mês: o Dia da Expiação [Yom Kippur] e a Festa dos Tabernáculos (Nm 29:1ss; Lv 23:23-43; Sl 81:3). O toque das trombetas anunciava as comemorações especiais do povo de Israel, inclusive o começo do Ano do Jubileu (Lv 25:8-12). (WIERSBE, 2006, p. 426-427)
Por exemplo, na obra clássica conhecida como “História dos Hebreus” está escrito que os sacerdotes “serviam-se dessas mesmas trombetas nos sacrifícios, tanto nos dias de sábado quanto nos outros.” (JOSEFO, 1990, p. 189)
Embora os levitas eram os músicos oficiais (cf. 1Cr 23:30; 25:1-3), essas trombetas de prata eram tocadas pelos sacerdotes e não pelos levitas.
Detalhes importantes sobre as Trombetas
Não confunda as trombetas!
Ao que parece, eventualmente os termos Yôbel e Shôphar – ambos traduzidos como “trombeta” são sinônimos (cf. Êx 19:13,16).
Sendo assim, como bem lembra Warren W. Wierbe (2006, p. 427), essas trombetas de prata (chatsotserah hb.) não devem ser confundidas com aquelas 7 cornetas (shôphar hb.) no livro de Josué, – que geralmente são traduzidas como “trombetas” e isso confunde o leitor – pois estas eram feitas de “chifres de carneiro”(yôbel hb.) e usadas para propósitos especiais (Js 6:4) e inclusive foram usadas em Jericó (Js 6:20) e na batalha de Gideão contra Midiã (Jz 7:16-22).
O toque Teruah
Outro detalhe importante é sobre o toque da trombeta: Enquanto no judaísmo atual usa-se 3 ou até 4 tipos de toques distintos (teruá, tekiá, shevarim e tekiah gedola); na Torá só há referência ao Teruah que está inclusive relacionado ao Dia do Toque das Trombetas (Yom Teruah hb.) – no primeiro dia do sétimo mês, pois, “nesse dia as trombetas tocarão.” (Nm 29:1).
Da mesma forma, Chouraqui (1997, p. 103) diz que o toque teruah trata-se de uma “sequência de golpes de língua rápidos que produz uma espécie de crepitação ritmada como os gritos de alegria”.
Apóstolo Paulo, profundo conhecedor da Lei
Por analogia, no Novo Testamento, o apóstolo Paulo – que era um profundo conhecedor das Escrituras – ao explicar sobre a necessidade de clareza na transmissão da mensagem do Evangelho, faz uma alusão direta ao toque da trombeta de prata (na ocasião de convocação para a guerra) quando diz:
“Pois também se a trombeta der som incerto, quem se preparará para a batalha?” (1 Coríntios 14:8)
Semelhantemente, o Comentário Bíblico Vida Nova (2009, p. 278) também cita essa questão da seguinte forma: “O apóstolo Paulo a tomou como símbolo da pregação, dizendo que o ministério deve fazer o chamado claro (1Co 14:8), de outra forma os homens não vão se preparar para a batalha espiritual.”
As trajetórias da Arca da Aliança
Assim, partiram do monte do SENHOR e caminharam durante três dias. A arca da aliança do SENHOR ia adiante deles durante esses três dias, para encontrar um lugar de descanso para eles. A nuvem do SENHOR pairava sobre eles de dia, quando partiam do arraial. Quando a arca partia, Moisés falava: “Levanta-te, SENHOR, sejam espalhados os teus inimigos e fujam diante de ti os que te odeiam.” E, quando a arca parava, Moisés dizia: “Volta, ó SENHOR, para os milhares de milhares de Israel.” Nm 10:33-36
Em conclusão, esses mesmos eventos serão lembrados nos Salmos 68:1 e 132:8
Surpreendentemente, a Arca da Aliança – que representa o Trono de Deus – estava presente sendo a referência da presença de Deus entre seu povo em todas as suas jornadas.
Então, gostaria de te perguntar: "Por que três dias para encontrar descanso?"
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Bibliografia
ADEYEMO, T. Comentário Bíblico Africano. São Paulo: Mundo Cristão, 2010.
CARSON, D. A. et al. Comentário Bíblico: Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009.
CHOURAQUI, A. A Bíblia – No Deserto (Números). Tradução de Paulo Neves. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1997.
DAKE, F. J. Bíblia de Estudo DAKE. Rio de Janeiro: CPAD e Atos, 2009.
JOSEFO, F. História dos Hebreus. Tradução de Vicente Pedroso. Rio de Janeiro: CPAD, 1990.
WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento: Pentateuco / Warren W. Wiersbe. Tradução de Suzana E. Klassen. 1ª. ed. Santo André, SP: Geográfica Editora, v. I, 2006.