Uma coisa muito interessante acontece nos Evangelhos sinópticos de Mateus, Marcos e Lucas. Todos eles narram a vida e obra do Messias mantendo uma uniformidade de propósito entre eles. Entretanto, quando cada um deles narram o mesmo evento, demonstram, às vezes, através de suas particularidades, detalhes importantes que precisam ser associados aos outros dois.
A mesma coisa ocorre Os Dez Mandamentos (ou “Dez Palavras”) estão em Êxodo 20 e são repetidos em Deuteronômio 5.
Quando observamos ambos os relatos, somente o quarto mandamento, acerca do Sábado, acaba por merecer uma atenção especial.
Ao fazer a aliança no monte Sinai[1], o Senhor deu ao povo de Israel ‘Os Dez Mandamentos’ lembrando a eles que esses mandamentos eram uma bênção após serem libertos do Egito:
O Senhor, nosso Deus, fez aliança conosco em Horebe. (Deuteronômio 5.2)
Então Deus falou todas estas palavras: — Eu sou o Senhor, seu Deus, que o tirei da terra do Egito, da casa da servidão. (Êxodo 20.1,2)
Entre esses mandamentos, havia um específico sobre o sétimo dia da semana:
— Lembre-se do dia de sábado, para o santificar. Seis dias você trabalhará e fará toda a sua obra, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, seu Deus. Não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem o seu filho, nem a sua filha, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu animal, nem o estrangeiro das suas portas para dentro. Porque em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou. (Êxodo 20.8-11)
Em Êxodo, a ideia do sábado remete à sua origem[2] no sétimo dia da criação (Gn 2.1-3). Isso nos remente à ideia de que toda a criação deveria dedicar esse dia em memória do Criador que é o Senhor do Sábado. Somente na repetição da Lei em Deuteronômio podemos ver claramente que, o sábado recebe também o sentido de que agora os hebreus tinham ganhado de presente ‘um dia inteiro de folga’ para descansar, coisa que antes não podiam, pois eram escravos no Egito:
— “Guarde o dia de sábado, para o santificar, como o Senhor, seu Deus, lhe ordenou. Seis dias você trabalhará e fará toda a sua obra, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor, seu Deus; não faça nenhum trabalho nesse dia, nem você, nem o seu filho, nem a sua filha, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento ou qualquer outro dos seus animais, nem o estrangeiro das suas portas para dentro, para que o seu servo e a sua serva descansem como você. Lembre-se de que você foi escravo na terra do Egito e que o Senhor, seu Deus, o tirou de lá com mão poderosa e braço estendido. Por isso o Senhor, seu Deus, ordenou que você guardasse o dia de sábado.” (Deuteronômio 5.12-15)
E por que temos esse acréscimo na revelação em Deuteronômio? Porque toda a revelação das Escrituras é progressiva. Uma coisa é dita no início, vai sendo explicada ao longo de outros textos, até que finalmente chega à sua plenitude no Novo Testamento em Cristo Jesus! Enquanto a primeira aliança foi feita com os israelitas que saíram do Egito; a Nova Aliança foi feita com gentes de todos os povos – inclusive israelitas – que saíram do mundo para uma nova vida em Cristo e encontraram o verdadeiro Descanso para suas almas! (Mateus 11.28-30)
[1] Sinai = Horebe
[2] Gênesis 2.2,3
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