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O que era permitido e proibido no Sábado?

Permissões e Proibições

As regras para o sábado eram extremamente rígidas e, sem sombra de dúvidas, a principal proibição bíblica em relação ao sábado era contra o trabalho nesse dia (Êx 20.10) não definindo casos de exceção a não ser o serviço sacerdotal.

Ou vocês não leram na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo profanam o sábado e ficam sem culpa? – Mateus 12:5

As punições relacionadas ao Sábado

Quem quebrasse a guarda do sábado era castigado com a pena de morte:

Fale aos filhos de Israel e diga-lhes o seguinte: “Certamente vocês guardarão os meus sábados, pois é sinal entre mim e vocês de geração em geração, para que vocês saibam que eu sou o Senhor, que os santifica. Portanto, guardem o sábado, porque é santo para vocês. Aquele que o profanar morrerá; quem nesse dia fizer alguma obra será eliminado do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do repouso solene, santo ao Senhor; quem fizer alguma obra no dia do sábado morrerá. Os filhos de Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpétua de geração em geração. Entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque, em seis dias, o Senhor fez os céus e a terra e, no sétimo dia, descansou e tomou alento.” Quando o Senhor acabou de falar com Moisés no monte Sinai, deu a ele as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus. (Êxodo 31.13-18)

A Lei proibia acender fogo

Não acendam fogo em nenhuma das suas moradas no dia do sábado. (Êxodo 35.3)

Isso certamente abrange tanto o fogo usado para queimar, aquecer ou iluminação.

A Lei proibia juntar lenha

Quando os filhos de Israel estavam no deserto, encontraram um homem apanhando lenha no dia de sábado. Os que o encontraram apanhando lenha o levaram a Moisés, a Arão e a toda a congregação. Eles o mantiveram preso, porque ainda não estava declarado o que se devia fazer com ele. Então o Senhor disse a Moisés: — Esse homem deve ser morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Assim, toda a congregação o levou para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu, como o Senhor havia ordenado a Moisés. Números 15:32-36

A Lei proibia carregar peso

Assim diz o Senhor: Para o próprio bem de vocês, tenham o cuidado de não levar cargas no dia de sábado, nem de introduzi-las em Jerusalém pelos portões. Não saiam de casa carregando objetos no dia do sábado, nem façam trabalho algum. Pelo contrário, santifiquem o dia de sábado, como ordenei aos seus pais. Mas eles não me deram ouvidos, nem atenderam; pelo contrário, foram teimosos, e não quiseram ouvir nem aceitar a disciplina. Jeremias 17:21-23

A Lei proibia sair de casa para realizar trabalhos, viajar ou passear

Então o Senhor disse a Moisés: — Até quando vocês se recusarão a guardar os meus mandamentos e as minhas leis? Vejam! O Senhor deu a vocês o sábado; por isso, ele, no sexto dia, lhes dá alimento para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim, o povo descansou no sétimo dia. Êxodo 16:28-30

A Lei proibia fazer negócios aos sábados

Ouçam isto, vocês que pisam os necessitados e destroem os miseráveis da terra, dizendo: “Quando passará a Festa da Lua Nova, para vendermos os cereais? E o sábado, para abrirmos os celeiros de trigo, diminuindo a quantidade, aumentando o peso e enganando com balanças desonestas, para comprarmos os pobres por dinheiro e os necessitados por um par de sandálias e vendermos o refugo do trigo?” Amós 8:4-6

[Os israelitas prometeram…] que, se os povos da terra trouxessem qualquer mercadoria ou qualquer cereal para vender no dia de sábado, nada comprariam deles no sábado nem em dias santificados; e que, no sétimo ano, abririam mão da colheita e de toda e qualquer cobrança. Neemias 10:31, grifo nosso

Naqueles dias, vi que em Judá havia homens que no sábado pisavam uvas nos lagares e traziam trigo que carregavam sobre jumentos. Também no dia de sábado traziam para Jerusalém vinho, uvas e figos e todo tipo de cargas. Protestei contra eles por venderem alimentos neste dia. Também moravam em Jerusalém homens de Tiro que traziam peixes e todo tipo de mercadorias, que no sábado vendiam aos filhos de Judá e em Jerusalém. Repreendi os nobres de Judá e lhes disse: — Que coisa errada é esta que vocês estão fazendo? Estão profanando o dia de sábado! Por acaso os pais de vocês não fizeram o mesmo, levando o nosso Deus a trazer todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? E vocês ainda estão trazendo ira maior sobre Israel, profanando o sábado. Quando os portões de Jerusalém começavam a projetar a sua sombra antes do sábado, ordenei que fossem fechados. E determinei que não fossem abertos, a não ser depois do sábado. Coloquei alguns dos meus servos junto aos portões, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado. Então os negociantes e os vendedores de todo tipo de mercadorias pernoitaram fora de Jerusalém, uma ou duas vezes. Eu os repreendi e lhes disse: — Por que estão passando a noite diante da muralha? Se fizerem isso outra vez, eu usarei a força. Daí em diante não voltaram mais no sábado. Neemias 13:15-21

A Lei permitia cuidar da segurança da cidade e do Santuário[1]

Também mandei aos levitas que se purificassem e viessem guardar os portões, para santificar o dia de sábado. “Também nisto, lembra-te de mim, ó meu Deus. Tem piedade de mim por tua grande misericórdia.” Neemias 13:22

A Lei permitia fazer o bem no sábado

Jesus entrou numa sinagoga dos fariseus (Mateus 12.2,9) e perguntou aos escribas e fariseus que ali estavam se era permitido “curar no sábado” (Mateus 12.10) “fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer? Mas eles ficaram em silêncio” (Marcos 3.4; Lucas 6.9) e, diante de tamanha covardia na omissão de suas opiniões legalistas, respondeu e disse que é sim permitido “fazer o bem” no sábado (Mateus 12.12) e então curou o doente (Mateus 12.13; Marcos 3.5; Lucas 6.10). Assim, os fariseus enfurecidos saíram dali e, começaram a conspirar contra Jesus, procurando ver como o matariam (Mateus 12.14; Lucas 6.11) juntamente com os herodianos (Marcos 3.6).

E por isso os judeus perseguiam Jesus, porque fazia essas coisas no sábado. Mas Jesus lhes disse: — Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, os judeus cada vez mais queriam matá-lo, porque além de desrespeitar o sábado, também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. João 5:16-18

A Lei exigia o dobro das ofertas diárias no dia de sábado

— No dia de sábado, ofereçam dois cordeiros de um ano, sem defeito, e quatro litros da melhor farinha, amassada com azeite, em oferta de cereais, e a libação que a acompanha. Este é o holocausto de cada sábado, além do holocausto contínuo e a libação que o acompanha. Números 28.9,10

A Lei exigia a troca dos pães da proposição todos os sábados

— Pegue também da melhor farinha e dela faça doze pães, cada um deles com dois quilos. E coloque-os em duas fileiras, seis em cada fileira, sobre a mesa de ouro puro, diante do Senhor. Sobre cada fileira coloque incenso puro, que será, para o pão, como porção memorial; é oferta queimada ao Senhor. Em cada sábado, Arão os porá em ordem diante do Senhor, continuamente, da parte dos filhos de Israel, por aliança perpétua. Esses pães serão de Arão e de seus filhos, os quais os comerão num lugar santo, porque são coisa santíssima para eles, das ofertas queimadas ao Senhor, como estatuto perpétuo. Levítico 24:5-9

O Legalismo do sábado

Antes do século 1, alguns judeus na Palestina desenvolveram várias regras para promover a observância do sábado. Dois tratados da Mishná são dedicados exclusivamente a essas regras e regulamentos. Seu propósito principal é definir o trabalho (um tratado faz assim com 39 títulos) em uma tentativa de mostrar a cada israelita o que é ou não permitido no sábado. (COMFORT e ELWELL, 2015, p. 1608)

No que se consistia o “trabalho” (v.9)?[2]. Os rabinos admitiam: “As regras sobre o sábado […] são como montanhas apoiadas por um fio de cabelo, porque a Escritura é escassa e são muitas regras”[3]. Em outras palavras, havia um esforço tremendo para interpretar o que significava guardar o sábado. A Mishná defende 39 proibições de trabalho diferentes[4]. (DOBSON, 2019, p. 110)

Numerosos regulamentos bíblicos governavam a observação ao sábado. Além disso, muitas tradições foram acrescentadas no período intertestamentário. Dois tratados do Mishna, Shabbath e ‘Erubin, foram dedicados a uma detalhada observação do sábado. Esses detalhes incluem as 39 classes de atos proibidos que descrevem e exigem a observação de muitas diferenças sutis neste assunto. (PFEIFFER, VOZ e REA, 2006, p. 1711)

A natureza do descanso sabático foi assunto de muita discussão casuística dos rabinos, que enumeravam 39 tipos de trabalho proibidos no sábado, algumas proibições nos parecem mesquinhas e ridículas como a proibição de acender o fogo, bater palmas, saltar dar palmadas na coxa, visitar doentes. Podia-se afastar-se de casa somente a curta distância (a não ser que se estabelecesse domicilio temporário depositando objetos pessoais a alguma distância de casa): a viagem em dia de sábado (At 1,12) era de 2000 côvado, cerca de 900 m. (MCKENZIE, 1983, p. 740)


[1] Usamos o termo ‘Santuário’ para representar tanto o Tabernáculo quanto o Templo.

[2] Ref. Êxodo 20.9

[3] Mishná Hagigá 1;8.

[4] Mishná Shabat 7:2.

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Para saber mais sobre o tema “SÁBADO” acesse os estudos abaixo:

Bibliografia

COMFORT, P. W.; ELWELL, W. A. (Eds.). Dicionário Bíblico Tyndale. Santo André: Geográfica, 2015.

DOBSON, K. Ensinamentos da Torá: conciliando a história judaica com a fé cristã / com notas de Kent Dobson. Tradução de Maurício Bezerra Santos Silva. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.

MCKENZIE, J. L. Dicionário Bíblico. Tradução de Álvaro Cunha. São Paulo: Paulus, 1983. Coleção Dicionários.

PFEIFFER, C. F.; VOZ, H. F.; REA, J. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

Escrito por
Pr. Felipe Morais
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